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Mensagens

A mostrar mensagens de janeiro, 2020

Pormenores

há dias em que reparamos nos pormenores. vemos cada raio de sol que ilumina o (nosso) caminho. sentimos cada brisa do vento que por nós passa. vivemos cada respiração de forma tão profunda, que sentimos a vida dentro de nós em cada extremidade. reparamos nos sorrisos subtis de quem por nós se cruza no passeio, nas gargalhadas das crianças (inocentes), nos olhares de intimidade entre seres cúmplices. damos conta de como as flores crescem e do nosso próprio crescimento. ouvimos a melodia da vida no silêncio ruidoso da cidade.

Positivo com positivo dá...?

é fácil cair no extremo com o positivismo e banirmos tudo o que o ponha em causa, diga-se, todas as emoções de valência negativa. o positivismo não creio que seja estar feliz a toda a hora, mas sim ver o lado positivo nos outros, em nós, nas situações e no mundo. isto implica que nos dias em que o nosso coração não bombeia tão depressa, que o nosso sorriso custa mais a abrir, que a nossa cama seja mais tentadora do que o-desconhecido-mundo, aceitemos aquilo que estamos a sentir. é muito comum fugirmos das emoções que sentimos como prejudiciais à nossa experiência do dia-a-dia e com os outros. é ainda mais comum termos por perto aqueles que, com as melhores das intenções, nos dizem "está tudo bem", "oh, isso passa rápido". se calhar até está tudo bem. se calhar até irá passar mais rápido do que se espera. inda assim, todas essas respostas motivam o outro a esconder, a reter, a banir essas emoções e de facto agir como se tudo tivesse bem. aqui fica uma nova suge...

O gigante adormecido

quando somos crianças, acreditamos que pudemos vencer o mundo. somos dominados por uma força tão grande que ninguém nos tira da cabeça que um dia seremos um super herói invencível - seja ele o Homem de Ferro, o Batman, o Flash ou o Deadpool, dependendo do poder que queiramos para nós. pois bem, feliz ou infelizmente, essa sensação esmorece e o sentimento de omnipotência cai por terra. quando descemos à realidade e percebemos verdadeiramente tudo o que ela implica, somos assombrados por um sentimento de impotência. a impotência é dura de se viver. corrói por dentro inundando-nos de raiva, deixa-nos livres sem liberdade, num desamparo que deixa à solta uma tristeza que parece incurável. fazer frente a este sentimento não é fácil, principalmente quando ele nos suga a própria força e determinação. somos simplesmente deixados no vazio da incerteza e no silêncio do destino. só acordando o gigante omnipotente adormecido dentro de nós é que nos dá dois dedos de loucura necessários para...

O conforto do que é mau

a vida dá voltas e contra-voltas. nunca sabemos o que havemos de esperar dela. talvez seja por isso que as pessoas têm mais conforto num mal que conhecem do que num bem estranho. somos reféns da nossa zona de conforto. entramos em pânico quando vemos ao longe a possibilidade de perder o controlo. nunca passamos a linha amarela com receio de pôr em risco a nossa segurança. o desconhecido assusta-nos e, com o rabinho entre as pernas, ficamo-nos por aquilo que sabemos, por aquilo que conhecemos. navegamos por ondas conhecidas e por aí decidimos ficar. se calhar é por isso que somos um povo que se resigna com facilidade. escolhemos ficar infelizes porque, pelo menos, a infelicidade é previsível, o aborrecimento é garantido e o conforto da infelicidade nunca é colocado em causa. quem diria que, por vezes, ser infeliz torna-se mais fácil do que (tentar) ser feliz.

Será o Fim o Final?

porque a vida nos apanha de surpresa quando nos escapa por entre os dedos e passa sem darmos por ela. nas suas estranhas formas de ser, mostrar-nos a sua finitude, assusta-nos, ao mesmo tempo que nos tenta dar aquele empurrão. se não há manuais para a vivência na terra, tão pouco haverá para o que vem a seguir. os fins são sempre difíceis, ainda mais quando ninguém nos ensina o que esperar ou como lidar com eles. até nos filmes, o fim é sempre o final. e depois? bem, depois a vida  não para e continua e espera que nos continuemos também e que passemos a aproveitar cada curva da sua viagem. 

Fadas boas

eu nunca vi bruxas, mas que as há, há. apesar de haver bruxas, nunca se esqueçam de que também há fadas - que são muito poderosas - apesar de mais difíceis de encontrar. às vezes estamos tão focados no mal que nos esquecemos de tudo de bom que temos à nossa volta. esquecemo-nos que, no meio da escuridão onde, por vezes, nos encontramos existirá algures uma luz que nos leva até à saída mais próxima. esquecemo-nos das pessoas que, com o seu coração, nos enchem; que com o seu olhar nos guiam; que com o seu sorriso nos iluminam. há pequenas fadas boas espalhadas por aí, só temos de as encontrar e permitirmo-nos a ser tocados pela sua varinha de condão e a marcar-nos com a sua bondade. é, no entanto, preciso um olhar atento e um coração aberto para as detetar.

Pequenos palhaços

temos a mania de nos levar demasiado a sério. isto há medida que a vida vai passando, as responsabilidades vão aumentando, as exigências da sociedade vão levando a melhor e vamos perdendo a capacidade (e a vontade) de brincar. das coisas que mais me satisfaz na minha profissão é o facto de me permitir continuar e não deixar perder o desejo, de brincar. os miúdos puxam por nós, exigem a presença do nosso lado mais brincalhão, exigem atenção, exigem que tudo seja mais leviano... só assim, a brincar, é que podemos trabalhar coisas sérias. nós (adultos, coff coff) esquecemo-nos de também brincar, de nos libertarmos, de nos permitir regressar à criança que em tempo fomos. podem vestir-nos com um belo fato, trocar a mochila por uma mala profissional, os ténis pelos sapatos, os abraços pelos apertos de mão, mas não conseguem apagar a criança que há em nós.

Somos massa de moldar

é tão engraçado como nos moldamos aos mais pequenos detalhes da vida. se algum dia esta ideia me passou pela cabeça, a cada dança se torna cada vez mais uma certeza. a vida é como a dança, ou a dança é como a vida? bem, não sei… mas também esse é apenas um pormenor no meio deste devaneio. a verdade é que a cada passo de dança, o nosso corpo move-se e reage ao impulso. principalmente nós, as mulheres que somos comandada, temos de deixar-nos levar pelo (im)pulso que nos chega. para tudo resultar na perfeição temos também nós de ser impulso, para que tudo resulte em harmonia. não podemos ser um peso morto, se não o movimento não flui e somos apenas arrastadas pelo outro. é engraçado como na famosa "roda de casino" trocamos de par a cada instante e novo par significa nova melodia, novo balançar, nova harmonia. é deslumbrante ver como o nosso se molda a esta nova pessoa, aos seus jeitos de balançar, de rodopiar, de sorrir… toda a energia muda, de pessoa para pessoa, e isso não...

Press Play

as nossas necessidades são sempre satisfeitas por algum empreendedor que tem a visão no momento certo. aquele que vê mais além e que consegue simplificar algo que (por si só) já é simples. intriga-me a rapidez com que antecipam e satisfazem as nossas necessidades e desejos. ao navegar a Netflix espanto-me com a quantidade de vezes que sou bombardeada com a opção de saltar uma parte (introdução ou resumo do epi anterior), na TV sou fascinada pela possibilidade de andar para trás no tempo, todas as apps que facilitam a preguiça e que permitem que tudo (diga-se quase tudo) chegue até nós sem o mínimo esforço. o mundo vai crescendo e recriando-se, vai trazendo e reforçando novos estilos de vida, e isso vai ter impacto nos seres humanos que estamos (vamos) a ser.

Erraar no novo ano

isto de errar é coisa séria. não porque deva ser levado a sério, mas porque é difícil de conseguir. isto de errar é mais difícil do que parece. é sair da zona de conforto e procurar dar um passo em frente. isto de errar dá aquele aperto no estômago que nos faz querer agarrar ao que já temos. isto de errar é permitirmo-nos a estar certos, para depois percebermos que estávamos errados. isto de errar é arriscar, experimentar coisas diferentes e, assim, perceber o que é melhor para nós. isto de errar é deitar lágrimas de ansiedade e, depois, lágrimas de frustração. isto de errar é saber que, no fim, sabemos lidar com a frustração e aprender com o erro. isto de errar é coisa rara. antes fosse  uma banalidade nas nossas vidas. isto de errar é inevitável, a menos que nunca tentemos. mas isso já é outra história!