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Mensagens

A mostrar mensagens de 2019

A prisão moderna

fazemos tudo para andar na linha, para fazer tudo segundo as regras e, no fim do dia, acabamos presos numa cela criada por nós próprios. aqui os pecados não são crimes horrendos, são pensamentos, pensamentos que nos deixam presos no passado ou no futuro. aquilo que têm em comum é não nos deixarem viver o presente, por nos invadirem de medo, medo de fazer a história repetir-se ou daquilo que imaginamos que inevitavelmente irá acontecer. somos vítima, agressor, policia e juiz nesta história e, independentemente dos seus contornos, o desfecho é sempre o mesmo: o nosso encurralamento. criamos uma bolha que brilhantemente nos protege. mas, como em qualquer boa cela, tanto nos impede de sair como impede a vida de entrar. aqui ficamos nós, confinados às quatro paredes da nossa mente, seguros mas dormentes. qual é o teu pecado?

O chacinio da sociedade

há dias em que me apercebo verdadeiramente do quão poderosa é a sociedade e do quão cru é o poder do grupo. concluo que somos realmente ovelhas que procuram o seu rebanho. subtilmente, o mundo dita uma série de objetivos e metas que devem ser comuns a todos os mortais. devemos falar aos dois anos, devemos controlar as nossas fraldas aos três, devemos começar a ser sociais aos cinco, devemos saber todo o alfabeto antes dos seis, devemos saber outra lingua aos dez, devemos saber o que queremos para a vida aos dezasseis, devemos tirar a carta aos dezoito, devemos ter o nosso emprego (ainda que sem experiência) aos vinte e três, devemos conhecer o amor da nossa vida aos vinte e cinco, devemos estar casados nos trinta, devemos dar à luz os nossos descendentes até aos quarenta… até então trabalhamos que nem burros para atingirmos todas as metas que a sociedade traçou para nós e, ao mesmo tempo, que temos o emprego dos nossos sonhos, encontramos o propósito para a nossa vida e somos feliz...

O poder de uma única história

todos e cada um de nós é feito de histórias, múltiplas histórias, aquelas que contamos nas conversas de café e aquelas que escondemos de todos, as nossas histórias. em jeito de defesa até, todos sabemos que uma história (tendo ela um final feliz ou não) não nos define. ainda assim, por vezes, teimamos em focar na única história que temos para julgar o outro. ver alguém com base numa única história "rouba-lhes a dignidade e evidencia (apenas) as nossas diferenças". esta visão deixa-nos cair no preconceito "fundamentado" (se é que isso existe) e limita a nossa vivência daquele outro que a história sublinha ser muito diferente de nós. afastamo-nos e não nos permitimos conhecer todas as suas outras histórias ou até criar novas connosco. no mesmo sentido, a "politica da história única" pode limitar-nos a nós, indivíduos, ficando presos naquela história que não teve um final feliz, que queremos esconder e reprimir da história das histórias. todos erramos, t...

Vida do campo

há sensações que não conseguimos encontrar em mais lado nenhum, como no campo. a vida do campo obriga o corpo a parar. quando paramos podemos assumir o nosso lado mais animal e simplesmente observar e contemplar o mundo à nossa volta, OU então, podemos parar e pensar. é raro no nosso dia-a-dia sentirmos que temos tempo e disposição para fazer qualquer uma destas coisas: abraçar o nosso poder contemplativo ou a nossa capacidade pensadora. no século XXI parar parece que vem com o rótulo de morrer, mas não é bem assim. os rótulos foi o Homem que os criou e este foi em prol da produtividade e com base no lema 'mais é melhor'. o mundo avança e as necessidades alteram-se, e este lema já não faz mais sentido. porque a verdade é que quando tudo abranda, tudo é melhor. quando conseguimos ouvir as gotas a cair no chão, sentir o cheiro do alcatrão molhado, ver as gotas a escorrerem-nos pela pele… tudo em câmara lenta, tudo com outro encanto.

Quando o fim bate à porta...

vivemos na bonita ilusão de que a vida é eterna e nós imortais. mas, de vez em vez, a vida vai nos mostrando que não é bem assim. que vivemos num limbo no qual nunca sabemos qual vai ser a próxima jogada. ainda tentamos, renúncia a renúncia, fugir ao fim trágico desta ilusão mas, rapidamente, a vida nos relembra que o fim é quando ela quiser. somos ingenuamente delicados a viver a nossa vida. para não a vivermos na ânsia de querer mais e mais, acomodamo-nos. somos escravos do medo e, para não estarmos sempre a espreitar por entre a porta, contemos os nossos impulsos, receamos as mudanças e as novidades e afrouxamos. as inseguranças do futuro atormentam-nos mas parece que a tic-toc do relógio não é lembrete suficiente para vivermos o agora. será que esses 'abre olhos' são suficientes para subirmos a parada das nossas vidas?

O poder da relação

somos seres de relação e não nos podemos deixar esquecer disso. somos o ombro amigo e a palmadinha nas costas na hora da trovoada. somos o bebé que precisa de colo e o adulto que carrega o outro. somos a gargalhada desmedida e o riso fácil. somos a inspiração e a força quando falta. somos o júri e o advogado de defesa. somos o professor a o aprendiz. somos música de embalar e de quebrar o chão. a verdade é, somos melhores juntos, somos mais juntos.

O corpo sabe o que faz

o corpo sabe o faz. há séculos e séculos que ele se tem vindo a adaptar às novas circunstâncias da vida do Homem. demora o seu tempo, mas tem vindo a fazer progressos de forma a acompanhar as nossas descobertas e invenções de novas máquinas que facilitem a nossa vivência a cada dia. mas esquecemo-nos de como o nosso corpo também é um máquina e uma máquina especial, que tem vontades e ritmos próprios que não podemos simplesmente alterar para se ajustar aos nossos desejos e facilitismos. desde sempre que o nosso corpo se encontra sincronizado com os ritmos da natureza, ainda que neste momento escolhermos retirar esse pormenor da equação… estamos a viver de costas voltadas para o nosso próprio corpo. já não o ouvimos nem respeitamos. exigimos dele mais do que algum dia deveríamos ter sonhado exigir. ainda assim, o corpo faz de tudo para não nos falhar, faz de tudo para acompanhar o nosso ritmo alucinado e, acima de tudo, vai sendo cada vez mais criativo a dar-nos sinais do seu limite....

As palavras certas

há dias em que sentimos coisas que não sabemos bem explicar nem denominar. e quando tentamos explicar e nos ouvimos a nós mesmos, sentimo-nos ridículos. é estranho não saber explicar aquilo que nos vai cá dentro, como se as palavras não fossem suficientes. mas a necessidade ridícula de dar-mos nome a tudo consome-nos e frustra-nos. temos de ser detentores da nossa sabedoria pelo menos, não? talvez não. talvez não haja um nome que descreva na perfeição todos os sentimentos que possam surgir dentro de nós. talvez não haja um conjunto de palavras que simplifique aquilo que vivemos. mas se, por ventura, as encontrar-mos sentir-nos-emos aliviados por, no fim, isto só significa que houve alguém que em tempos se sentiu tal como nós.

Dançando...

quando fechamos os olhos suavemente e admiramos cada melodia parece que energia nasce dentro de nós. de olhos fechados, a olhar para dentro, parece que o corpo ganha vida própria. parece que o braço direito se move em direcção ao céu apontando para ele; que o esquerdo acaricia o horizonte; e que, numa subtil troca de peso, cada perna se prepara para o rodopio trifuante. este marca o momento em que nos permitimos deixar levar e ser sem nada mais (a temer). os movimentos não têm nenhum propósito além de simplesmente existir, temporariamente, porque depois de um urge outro e depois outro até que o corpo se canse ou a música cesse. de olhos abertos somos tomados pela realidade. ai o corpo pára, fica imóvel e a energia parece que se dissipa. perde-se o fluir do movimento mas não a vontade de continuar a dançar.

Viva ao verão!

o verão andou mal disposto, teimou em vir mas chegou e veio para ficar. por ti andámos o ano inteiro esperar. ansiámos pela hora de estendermos a toalha na areia e de lá não sair mais. sonhámos com aquele mergulho salgado que esperamos que o sol seque. mas a espera acabou. já podemos ressecar a nossa pele ao sol. já podemos ir buscar o tão aguardado e planeado livro de verão. já não nos importamos mais com as multidões nem com a falta de espaço para esticar o corpete. queremos sol. queremos praia. queremos mar. precisamos do verão!

O efeito passadeira

há dias que parece que estamos parados no tempo, adormecidos e sem capacidade para fazer acontecer. há dias que parece que andamos, andamos e andamos e não saímos do mesmo lugar. há dias que olhamos em volta e parece que todos avançam na vida, menos nós. há dias que todos parecem ser mais capazes de lutar e de atingir as suas metas. há dias que nos sentimos assim, fracassados, derrotados e sem esperança de voltar a ver a luz que nos enche de vida e de garra. tudo o que vemos à nossa volta parece mover-se - à exceção de nós próprios. tudo parece ter força para fazer acontecer - menos nós. tudo parece saber como agir, qual o caminho e quais as ferramentas - menos nós. tudo parece que se alinha para os outros - menos para nós. caímos na maleita da vitimização, da desesperança, da solidão. guardamos para nós estes momento de insegurança e tristeza porque nos parece ridículo queixarmo-nos porque, na verdade, somos nós que não agimos. somos nós que não lutamos. somos nós que não const...

Brincando à beira-mar

hoje vi a vida dos adultos na brincadeira de uma criança de 4 anos diria. a pequena criança italiana brincava à beira mar com a supervisão do seu pai. a sua brincadeira era simples mas parecia entusiasma-lá imenso. consistia então em sentar o seu Ken (sim parece que a miudagem de hoje ainda brinca com estas antiguidades) à beira-mar. parecia no entanto calcular bem o momento, escolhia o melhor lugar, aguardava pela onda para o pousar e fugia de medo assim que ela se aproximava e o levava. no meio da excitação, observava o pobre coitado a mergulhar (ou afogar) no mar, a ser levado para longe e depois trazido de volta pela próxima onda. mas rapidamente a brincadeira deixou de ser suficiente e precisámos, obviamente, de subir a parada. agora em vez de senta-lo no areal, a menina atirava-o vezes e vezes sem conta em direcção ao alto mar, sem dó nem piedade. quando a rebentação a surpreendia e afastava ainda mais o seu Ken, ela não parecia preocupada. entre rebentações acabava por ...

A cor do céu...

a natureza tem um jeito engraçado de nos iluminar e de nos fazer vibrar por dentro. as suas cores são tão intensas que as sentimos bem cá dentro. talvez no dia-a-dia passem despercebidas para os mais atarefados mas elas continuam a exercer o seu poder. a cor das árvores, a intensidade das flores, os tons do céu. a cor dá nos energia. a cor suga-nos a melancolia. a cor preenche-nos. a cor dá-nos vida. um céu vibrante, uma cidade colorida, uma pessoa intensa. tudo isto eleva-nos. tudo isto nos influencia. tudo isto nos torna mais e melhores. escolher a cor é escolher a alegria, é escolher vida.

Meu querido, mês de agosto

o mês de agosto é aquele pelo qual ansiamos todo o ano. é o mês do sol quente na cara, da areia nos pés e do sal no cabelo. de dias inteiros passados à beira-mar a aguardar deitar olho ao mais belo pôr-do-sol. é o mês da nostalgia das memórias de infância, das voltas aldeia acima aldeia abaixo, do cheiro a pinheiro e do cantar dos pássaros. é o mês das caminhadas, não por dietas mas por necessidade de explorar toda a natureza que nos rodeia. é o mês dos fritos, das farturas e dos churros recheados com nutella. por mais contraditório que seja, no mês de agosto não se pensa na linha mas no prazer da comida de verão. é o mês dos concertos (grátis) e dos bailaricos. a música, o corpo e a companhia unem-se para os melhores espetáculos das noites (em tempos quentes) de verão. é o mês das leituras vagarosas, sem prazos, sem intenções, pelo simples prazer de folhear aquele livro que guardámos para as longas manhãs de piscina. é o mês de encher os cartões das câmaras com ma...

Ser especial

ser especial às vezes pode ser difícil... todos temos as nossas manhas e os nossos feitios complicados que deixam os outros de cabelos em pé. todos ficamos irritados, ao ponto de quase perdermos o controle, quando não sentimos que somos compreendidos. todos perdemos o equilíbrio de vez em vez e quase que nos deixamos cair nas rasteiras da vida. todos temos momentos em que tudo parece errado e só nos apetece gritar ao mundo. todos já nos sentimos tão aborrecidos com a vida que levamos que inventámos maneiras estranhas de nos estimular a nós próprios. todos já nos sentimos tão desesperados que só nos apeteceu fechar na nossa própria bolha, longe de tudo e de todos. todos somos únicos, não há ninguém com a nossa história. todos somos todos especiais, cada um vive a sua experiência à sua maneira. só que há quem viva tudo com o triplo da intensidade... assim sim, às vezes ser especial pode ser difícil. ainda assim, está nas nossas mãos tornar esta viagem especial numa doce aventura!

Viva aos fazedores!

O mundo precisa de mais pensadores que saibam fazer, saibam agir. Pensar desenvolve o músculo que é o cérebro. Pensar faz-nos ter ideias e ambicionar mais. Pensar faz-nos críticos Pensar faz-nos querer evoluir dentro de nós próprios. Mas pensar não faz avançar o mundo. Agir faz-nos progredir. Agir faz-nos ter experiências. Agir faz-nos ter sucesso. Agir faz-nos sentir realizados. O agir é pensado, ou não, se calhar pode ser só sentido e intuido. Mas são as acções que movem o mundo. São as acções que nos alargam horizontes. O meu sonho é ser capaz de sair mais da minha cabeça, da minha mente, das minhas ideias e ambições abstratas e agir mais! Quem mais?

Sê feliz!

porque não criamos mais momentos de felicidade? a felicidade não é uma constante na vida mas o ótimismo é. somos formatados para desejar ser felizes mas não procuramos verdadeiramente o que nos faz sentir assim. fugimos às experiências, fugimos à novidade, fugimos a arriscar. não acreditamos em nós nem que conseguimos ir mais longe. sonhamos mas mantemos esses sonhos fechados e banalizado. censuram-nos e resignamo-nos. achamos sempre que a "sorte" não será para nós e o nosso rabinho não nasceu virado para o sol. mas esquecem-nos da nossa quota parte nesta vida, que o nosso trabalho e esforço são determinantes. que o nosso ótimismo nos move. e por isso ficamos aquém de nós e do nosso potencial. #shameonus

Ou vai ou racha!

somos muito bons a estabelecer metas, a construir sonhos, a alimentar desejos, mas quando chega a hora de os cumprir, a coisa complica-se. a nossa meta é uma e, cá dentro, a nossa voz interior diz-nos: - menos do que isso nem vale a pena! então o que fazemos? nada! -se não for para ser em grande e como imaginámos não vale a pena.... e assim vivemos, na ânsia de alcançar mas no limbo sem nunca tentar. ficamos nem pela metade, porque nem tentámos . nunca chegamos a perder, porque não arriscámos. não somos rejeitados, porque não nos entregámos. não atingimos a meta, porque nunca saímos da linha de partida. achamos que assim não sofremos mas sofremos, de frustração - frustração connosco e com o mundo porque nada nos deu o empurrão que precisávamos para avançar. porque não fomos o nosso próprio empurrão. e assim ficamos... no vazio, à espera que uma obra divina nos salve e nos leve até aos nossos sonhos…

Viver é como andar de bicicleta

"viver é como andar de bicicleta. para manter o equilíbrio é preciso continuar a pedalar" por Einstein. nunca soube andar de bicicleta (apesar dos esforços de muito boa gente) mas é exatamente por isso que entendo esta frase tão bem.... porquê é que nunca aprendi a andar? bem, o grande problema de andar de bicicleta é que assim que começas parece que vais logo cair. a sensação de cair e o impulso para parar constituiem o maior obstáculo. o objectivo é continuar a pedalar e ver como, quase por magia, a bicicleta retoma o equilíbrio. mas para isso é preciso ter fé de que a sensação de cair será rapidamente ultrapassada por um elegante equilíbrio. é preciso uma enorme confiança para, mesmo parecendo que tudo vai correr mal, continuar e continuar a continuar. somos os melhores a fazer maus prognósticos do jogo mas esquecemo-nos que controlamos a maioria das variáveis. o foco  não é o controlo mas sim a nossa força e o facto de que o resultado depende quase exclusivamente de n...